O obsessor no caminho ígneo do Bodisatva

(inveja)

– Estou avisando, temos pouco tempo para sair daqui – Mehal tentou dissuadir a captora com um tom seco e severo.

– Não acredito em você, sou eu com a arma apontada então eu dou as ordens e avisos. – Declarou a voz feminina que o segurava por quase 5 minutos ali parado e de braços para o ar.

– Vê, no horizonte longínquo, onde o fogo cai do céu? Lá, onde estaria a Asa-9 Sul? A essa hora os moradores já devem ter virado estátuas. De dentro para fora, respirando poeira das cargas piroclásticas lançadas pelas nuvens, o que aspiraram virou cimento dentro de seus pulmões. – Mehal usou um tom monótono para descrever a cena.

– Em menos de 2 horas seremos nós e a perspectiva de ser pela eternidade uma estátua de braços na cabeça não me agrada nem um pouco. Decida-se logo! – Pressionou a mulher com vigor tentando forçar uma inversão dos papéis.

– Me dê um motivo para acreditar em você, apenas um. – A voz feminina não hesitava por um segundo, mantinha-se firme ditando as regras do jogo e fez um clique, denunciando que agora a arma estava engatilhada.

Mehal levantou ainda mais os braços lentamente, demonstrando que não faria movimentos bruscos, esticou o direito arregaçando a manga do outro.

 – Um Bodisatva… – A voz feminina vacilou pela primeira vez ao ver os glifos talhados e pintados pelo braço – Mas continue parado, isso… Isso não muda nada.

Ele permaneceu imóvel por mais algum tempo enquanto ouvia a voz feminina cochichando aparentemente sozinha. Com o silêncio, sentiu pela primeira vez a presença de uma segunda pessoa, ela estava se movimentando enquanto ele permanecia parado.

A presença se aproximou fora de seu campo de visão, tocou seu braço examinando as depressões da marca dos Bodisatvas com dedos finos, pequenos e delicados, provavelmente de uma criança.

Por mais alguns segundos a mão passeou pelo desenho como se precisasse de completa certeza de que eram verdadeiros, em seguida, se afastou em passos apressados. A desconfiança de que fosse uma criança acabou, restava apenas certeza.

 O silêncio foi quebrado com o barulho de algo grande e pesado caindo no chão, Mehal ouviu e desconfiou que não era um bom sinal, enquanto começava a pensar nas possibilidades ouviu:

 – Perdoe-me senhor, eu jamais poderia imaginar… um Bodisatva em minha mira, jamais pensei que veria um ao vivo, perdoe-me. – O tom da voz feminina mudara completamente.

Mehal arriscou abaixar os braços e se virou. Viu pela primeira vez sua ex-captora, ajoelhada e com a cabeça encostando-se ao chão em reverência, com o rifle largado de qualquer jeito ao seu lado. Ela era branca como leite e não muito bonita, faltava carne em seu corpo e seu rosto tinha as marcas severas do tempo. Do outro lado, estava um menino levemente mais corado, com o mesmo cabelo negro espetado e que devia ser irmão dela.

Colocou sua mochila de volta nas costas e se aproximou de ambos, devolvendo a arma a ela e levantando-os:

– O que eu disse agora a pouco é verdade, não foi um artifício para enganá-los. Fujam o quanto antes, para o mais longe que puderem, peguem apenas o que for estritamente necessário e corram para fora do eixo da Asa Sul, ou, se quiserem permanecer nela, ultrapassem a Asa-12 Sul.

– Não olhem para trás, não dêem explicações em excesso, a tempestade está exatamente há 2 horas, começa na Asa Sul-central e alcançará a Asa 12 eliminando todas as vidas humanas que estiverem nesse trajeto.

As palavras de um Bodisatva tinham um valor inexplicável desde os acontecimentos que transformaram o mundo e obedecê-las, rapidamente e sem questionamentos, provara ser algo sábio. Por esse motivo a mulher se levantou colocando a arma e uma bolsa nas costas, tomou a criança no colo e saiu correndo sem sequer se despedir.

Mehal viu que ela investia toda sua força e energia naquela corrida para salvar sua vida e a daquela criança. Ele desejou sorte a ela e orou em silêncio, para que seu aviso aumentasse as chances de sobrevivência de ambos. Olhou novamente para trás, avistou a chuva ígnea e agradeceu em silêncio ao cosmo pela oportunidade que tivera na Asa-9 sul.

Fazia pouco mais de uma semana que estivera no setor, encontrara lá um templo itinerante dos Herboristas-Divinos e deles recebeu uma sessão de Iboruasca peridural. Uma viagem transcendental que durou por longas e prazerosas 28 horas, o tempo exato de um dia.

Graças àquela sessão ele conseguiu alcançar os reinos dourados, invadiu a corte dos Animais-Deuses que sequer notaram sua presença e lá descobriu sobre a tempestade ígnea libertada por demônios que logo castigaria os rebeldes do eixo da Asa Sul.

Os sinais proféticos lidos meses antes no vidro e na rocha estavam certos, algo irritara profundamente os demônios. Mas os sinais não tinham deixado claro que os irritados fossem os Gregoraquinianos, a casta mais poderosa e controladora da realidade, cuja origem ninguém conseguira explicar até então.

Sabia que, desde seu retorno da imersão etérica, estava sendo caçado pelos asseclas dos controladores. Enquanto corria, mesmo sendo um Bodisatva, uma emanação da sabedoria e do poder, estava sujeito às maldições que estavam reservadas aos que ousavam até mesmo perscrutar os meandros dos fios que compunham os planos dos malditos.

Agradecia estar vivo aos Herboristas-Divinos, mas não podia deixar pensar quão útil teria sido ser agraciado por um dos Xamãs dos V8. Ao menos teria certeza de que conseguiria fugir a tempo da linha de destruição que estava em seu encalço.

Respirou fundo sentindo o aroma de chuva no ar e se recompôs, esperava que a mulher e a criança conseguissem avisar muitas pessoas. Quanto a ele, apenas podia continuar correndo pela Asa Sul e informando também o máximo de pessoas que conseguisse.

Mal cruzara os limites da Asa-12 Sul chegando a Terriscura quando a chuva de fogo finalmente alcançou a seção da Asa. Ela começara lentamente e logo os ruídos das chamas se iniciaram. Mehal se sentou e assistiu ao festival de beleza torpe que era aquele fenômeno, sabia que os malditos Gregoraquinianos certamente tiveram uma grande margem de sucesso em seu plano.

Mesmo sendo um Bodisativa, por onde andou foi considerado louco por muitas pessoas, e tendo de provar sua razão perdeu tempo precioso para que elas pudessem salvar as próprias vidas. Nem todos foram receptivos quanto aquela mulher e a sua criança.

Na maioria das vezes aquelas tantas pessoas não estavam preparadas para abandonar suas vidas de forma tão repentina, elas trabalharam duramente para conquistar condições melhores e mesmo sabendo que ele era um Bodisatva e, os avisava de algo inevitável, não estavam prontos. Se em toda sua jornada tivesse salvado mais de 10 vidas, seria muito.

Após as primeiras gotas de fogo tocarem o solo, a terra reagiu cuspindo fumaça e chamas em colunas de tamanho titânico, que iam além de onde a visão alcançava, sem, no entanto, ferir o solo, plantas ou animais. Apenas o homem e o que era fruto do suor e do sangue do homem eram consumidos naquela onda infernal que deixava um odor terrível de decadência para trás.

Os olhos de Mehal lacrimejaram tanto em tristeza quanto pela agressão daquela lufada transparente, imaginava quantas vidas deixaram de existir na Asa Sul. Lembrou de como desejou durante toda aquela jornada trocar de lugar com cada uma das vidas que seriam queimadas rapidamente, como pólvora, e prosseguiu em pensamentos martirizantes, em sua maioria.

Tivera tais desejos em vão, sabia seu papel e entendia seu propósito no mundo. Deixou então que as lágrimas corressem livremente e aguardou que a dor que feria o peito se acalmasse, esperou que ela repousasse com a certeza de que não seria para sempre. Repetia para si mesmo de forma velada: Isso não é para sempre!

Mehal ficou naquele lugar por mais três dias enquanto aguardava que o fogo se extinguisse. Durante esse tempo, em seu coração, uma mistura estranha de sentimentos conflitantes, ansiedade e compreensão do ritmo de cada evento, davam a certeza de que a dor causada aos homens pelas chamas estava apenas no princípio.

No terceiro dia sua solidão foi interrompida enquanto observava o fogo perdendo força, mas persistindo, daquele inferno cíclico surgiram as primeiras sombras dos mortos pela punição demoníaca.

 Pobres e perdidas eram elas, chegaram se arrastando e sussurrando, em dor e fúria sem ter sequer forças para gritar. Em seus olhos e nas poucas palavras entendíveis que pronunciavam,  demonstravam o desejo pela carne de Mehal, por toda experiência que ela possibilitava e que fora tirada deles por criaturas que sequer entendiam.

O Bodisatva olhou para o alto procurando nas estrelas antigas um caminho, instrução e uma reflexão. Quando avistou a estrela que estava exatamente sobre sua cabeça, fez uma invocação à essência da Alma do Mundo, como aprendera no ápice de seu treinamento, e em retribuição recebeu do universo um relâmpago que iluminou sua mente.

A carga de energia desceu dourada atravessando até mesmo a densa Mortalha que rodeava o planeta e, ao se chocar contra o corpo do Bodisatva, incendiou o chão em prata, formando uma Mandala com símbolos como os que ele carregava no braço

Na divisa do fogo que não sumia e da terra mais escura que existia, o Bodisatva entrou em comunhão com o universo ao iniciar sua verdadeira missão, livrou-se do que cobria seu corpo, tomou o colar de contas que guardava em sua sacola e sentado em lótus perdeu-se na imensidão das ondas do tempo.

Os dedos corriam pelo colar de contas de forma contínua, cadenciada e quase automática acompanhando as palavras vigorosas que Mehal proferia em sua oração. As chamas prateadas que outrora marcaram o chão sumiram, deixando em seu lugar uma luz de mesmo tom sendo emanada pelo homem que permanecia sentado.

Da terra em chamas vieram então as primeiras serpentes negras. Elas se aproximaram rastejando e circundaram à sua volta, tentando lhe afastar daquele lugar sem sucesso. Não demorou muito para que até mesmo o colar de contas de oração se transformasse em uma víbora enrolada no braço, tentando fazer com que ele se cansasse pelo peso, que experimentasse o frio e a dor como se tivesse sido envenenado, mas ele não era mais o mesmo homem.

As serpentes voltaram para dentro da área das chamas, começaram a se espalhar e a tocar aquelas sombras e, como se o mundo se transformasse, a fronteira entre Terriscura e a Asa-12 Sul desaparecera, transformando-se em um campo de desolação espalhado para todos os lados. Aos poucos a Asa-12 deixou de queimar, tornou-se como Terriscura, e em ambas começou a cair uma chuva ácida, incapaz de trazer conforto ou de matar a sede daquelas sombras.

Mehal não sabia mais por quanto tempo estava sentado, sua mente não se fixava em ponto algum e fluía canalizando a energia da Alma do Mundo, sedenta por acolher os filhos de seu ventre terreno. Sendo o veículo cósmico, permanecia ali, fazendo como movimento unicamente a troca da conta com seu polegar e o dedo médio, em honra aos homens, aos deuses e aos antigos.

As sombras tornaram-se curiosas conforme recobraram suas forças e passaram a rodear o único foco de luz e brancura naquele reino imenso e purgatorial. Com o tempo, tiveram seus pensamentos infectados pelo veneno das serpentes e logo estavam totalmente contra Mehal, odiavam-no não apenas por estar ali e não ter morrido como eles, mas também por ter sido inútil em seu aviso. Elas queriam retornar à carne.

Perdendo-se em uma sucessão de eventos que não era precisa, tudo podia ter acontecido em um segundo Terreno ou mesmo na eternidade da existência de um universo. Mehal novamente prestou atenção à sua volta e aquelas sombras dos homens transformaram-se em monstros, corruptores e controladores, tiranos que tomavam à força tudo que por algum motivo lhes aprazia, parecia interessante ou representava alguma ameaça.

Como uma corte bizarra os mais fortes se organizaram, fizeram com essa força o possível para afastar todas outras sombras que por um momento deixavam-se tocar pelo sentimento de ver em Mehal, o homem que permanecia brilhando no vale das sombras e da morte, um homem que estava ali pacientemente por eles.

Alguns se arrastavam tentando se aproximar, os mais fortes respondiam tal ousadia jogando-os longe, espancando-os em bando e os afundando em poças onde não podiam morrer, mas onde amargavam por muito tempo antes que conseguissem recobrar a força anterior.

Mehal, que estivera com a mente em lugar algum, pois estava espalhada pela imensidão do universo, ouviu um chamado à sua manifestação consciencial, seu eu, e com isso concentrou-se em um único ponto e lugar, a luz prateada faiscou pela primeira vez em tempos e seus olhos abriram, encontrando no horizonte de eventos aquela mulher e a criança que o capturaram em algum dia perdido no passado.

Os olhos que se abriram em espanto por testemunhar que o aviso não fora o suficiente logo causaram mais dor seguida de compaixão, juntos, esses sentimentos se transformaram em um fruto entalado em sua garganta sufocando e causando pânico. Quando Mehal conseguiu cuspir esse fruto, foi como se o soco de uma montanha se deslocasse pelo ar.

Todos os monstros foram golpeados por esse soco e de dentro deles voaram as sombras das pessoas de outrora, mostrando que aquela substância negra e pútrida era algo que os envenenava ao mesmo tempo em que os envolvia.

Cada um deles foi jogado para longe daquilo que os tornava forte naquele cenário decadente, caíram no chão revelando-se simples sombras tomadas pela inveja, seres perdidos que desejavam ter a esperança demonstrada pelas almas que se esforçavam e se arrastavam em direção ao Bodisativa.

Finalmente a moça conseguira ver Mehal, a ele rendia gratidão e carinho pelo aviso e tentativa de fazer a diferença, mesmo quando ela apontou uma arma contra sua cabeça. O carinho existia por tal tentativa ser feita mesmo tendo ele, o Bodisatva, poder suficiente para destruí-la sem sequer vê-la.

Essa gratidão permitiu-a cruzar a barreira dos mundos mantendo boas lembranças a respeito daquele homem. Nele confiava e queria encontrá-lo ao menos para lhe agradecer por seu esforço e tentativa. Mal podia imaginar que, a pureza do sentimento carregado por ela sinalizou como um farol no meio da imensidão do um oceano em que Mehal estava imerso.

Antes que Mehal pudesse sequer se levantar o resto das carapaças de todos aqueles monstros que caíra no chão começou a se mover. Unidos em uma massa orgânica exatamente como uma pequena poça de negrume, ela oscilou e ergueu um pilar negro serpentinamente na forma de um dos Gregoraquinianos: Leviathan!

Não era o demônio em sua total presença, mas sim uma manifestação de sua existência e de tudo que ele representava. Pela união da miséria de todas as almas sofredoras se fazia possível, e mesmo não sendo o maldito em sua plenitude, era tão consciente, torpe e perigosa quanto a criatura que atravessara os planos décadas atrás.

Tomando a forma de uma Píton, o monstro enrolou-se para atacar com um bote, abriu sua boca em pura maldade e provocação à Mehal exalando o odor excruciante de uma criatura que vivera no âmago da maldade humana, que fizera sua morada em um dos cantos mais inóspitos para qualquer forma de vida.

Julgava certa sua vitória já que a inveja que rondava aquela terra maculada pela desolação era tamanha que a soberba nublou qualquer julgamento. Não mais esperou e atacou certa da vitória, seria um golpe e uma morte.

Talvez como uma manifestação velada dos antigos, o colar de orações de Mehal, que por tanto tempo e sofrimento permaneceu ali sendo manipulado, como prova e representação da caridade que ele tomara por missão, uniu-se aos glifos de seu braço numa explosão de energia celeste e projetou-se tomando a forma de outra serpente.

Ora, a batalha entre aquelas duas criaturas poderia ter durado por tempo infindável, pois embora não fossem a manifestação última, possuíam em si quantidade de poder suficiente para destruir algumas cidades com um estalar de dedos.

O desequilíbrio veio quase que anunciado quando a mulher e a criança ao longe se ajoelharam novamente, como fizeram uma vez em vida, agradecendo ao sacrifício e à caridade daquela ocasião. No mesmo instante o pouco negrume que as tomava tornou-se pó estalando no ar e desaparecendo, elas tornaram-se claras, pálidas e radiantes com o mesmo tom prata que antes envolvia Mehal.

As sombras viram que durante todo aquele tempo em que ele permanecera sentado e orando, estava espalhando sua luz como raízes pelo subterrâneo, perceberam que até mesmo quando ele sabia que todas elas o odiavam, isso não o movera.

Conforme percebiam isso, algumas fugiam em pânico, não estavam preparadas para a libertação ainda. No entanto algumas outras compreendiam finalmente o que as rodeava, entendiam a morte e aceitavam o destino, essas repetiam o gesto da mulher e da criança.

A manifestação de Leviathan enfureceu-se, e em um torvelinho puxou de cada uma das sombras a substância pegajosa e negra que os envolvia, com isso, cresceu em tamanho e em força e preparou-se para desferir um ataque mortal naquela serpente e por fim naquele homem.

Livres do domínio da perdição e da inveja, as vidas ceifadas na Asa Sul agradeciam a Mehal, esse ato fazia com que o corpo de Leviathan fosse consumido aos poucos pela mesma chama que caíra do céu como punição aos rebeldes, no entanto o aroma deixado pela sua fumaça não era agressivo ao olfato, mas doce e suave, como a renovação do orvalho da manhã.

O demônio não soltou um grito nem entrou em pânico, claro que não o faria, sua consciência e seu verdadeiro corpo estavam distante, seguramente guardados e fora do alcance daquela pequena manifestação da virtude contrária à energia que o alimentava.

A mulher e a criança se aproximaram de Mehal e disseram que a parte dele ali já estava feita, o Bodisativa a olhou pela primeira vez nos olhos e naquela ilusão branca que se tornara o corpo dela, viu ternura e gratidão verdadeiros.

Ouviu então uma suave música que tomou o lugar da voz da mulher, seu corpo sentiu que era hora dele voltar para continuar sua missão, a criança se afastou brincando e correndo enquanto a mulher deu um beijo em sua testa.

O universo girou em harmonia formando uma espiral cujo fim Mehal não podia precisar, meio ao movimento espiralado mal percebeu abrir e fechar os olhos,  a espiral por fim terminava em um pedaço belo e raro de terra, coberta de gramas e flores e, às vezes, como uma conquista da humanidade, até mesmo um vívido raio de sol conseguia chegar ali.

Levantou-se e olhou em direção à velha placa de divisa de Terriscura com a Asa Sul, ao contrário do que fizera antes, sem saber quanto tempo no passado fora, entrou na Asa-12 Sul e seguiu em frente.

Seu sacrifício o conduzira ao entendimento de certas minúcias da alma humana, revelara a ele que Leviathan era um dos Gregoraquinianos e que todos eles partilhavam uma mesma origem, em cantos obscuros das almas dos homens.

Entendeu que a manifestação primordial da inveja ganhara consciência e um nome na forma do demônio. O entendimento e a compreensão de tais fatos o elevaram e demonstraram que a caridade era a única arma contra aquela criatura, a única arma que o destruía duplamente:

Atacando sua contraparte, e possibilitando que aqueles beneficiados por ela, pudessem estender essa benção ao próximo.

Embora o mundo tivesse se tornado um lugar desolado e pútrido, Mehal descobrira na alma humana o antídoto para um de seus muitos males. Ciente disso, retornou a seu caminho onde sua caridade ainda tocaria muitas almas e vidas para frustração dos mais obscuros planos dos Gregoraquinianos.

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